quinta-feira, 21 de março de 2013

Teatro/CRÍTICA

"Como vencer na vida sem fazer força"

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Deliciosa sátira ao mundo das empresas



Lionel Fischer


"Na década de 60, o esperto J. Pierrepont Finch usa uma série de truques para ingressar e ter sucesso na firma presidida pelo obtuso J.B Biggley, onde conquista o coração da secretária Rosemary. Entre um golpe e outro, ele precisa lidar com o arrogante Bud e a atrapalhada Hedy LaRue, sobrinho e amante de Biggley, respectivamente".

Extraído do release que me foi enviado, o trecho acima resume o enredo de "Como vencer na vida sem fazer força", musical de grande sucesso na Broadway nos anos 60 e que teve sua primeira versão nacional em 1964, com produção assinada por Victor Berbara e protagonizada por Procópio Ferreira, Moacir Franco e Marília Pêra. Agora, passados quase 50 anos, o público carioca tem a oportunidade de entrar em contato com este delicioso musical, em cartaz no Oi Casa Grande.

De autoria de Abe Burrows, Jack Weinstock e Willie Gilbert, "Como vencer na vida sem fazer força" tem músicas e letras assinadas por Frank Loesser, versão de Claudio Botelho e direção de Charles Möeller. No elenco, Luiz Fernando Guimarães (Biggley), Gregorio Duviviver (Finch), Letícia Colin (Rosemary), Adriana Garambone (Hedy La Rue), Andre Loddi (Bud), Fernando Patau (Twimble/Wally Womper), Gottsha (Smitty), Ada Chaseliov (Miss Jones), Leo Wainer (Bert Bratt), Cássio Pandolfi (Gatch/ Toynbee) e Luiz Nicolau (Ovington).

E em partipações menores e mais centradas no canto e na dança, temos ainda Cristina Pompeo, Renata Ricci, Nadia Nardini, Carol Ebecken, Joane Mota, Kotoe Karasawa, Leandro Luna, Patrick Amstalden, Guilherme Logullo, Fabio Porto, Hélcio Mattos e Leo Wagner.

Um dos maiores atrativos do texto advém da impiedosa e divertida sátira que faz do mundo das empresas, seja através do personagem Finch (que não hesita em lançar mão de todos os recursos para galgar postos), seja na radiografia que faz do próprio universo em questão, povoado de executivos medíocres, bajuladores e não raro completamente despreparados. Por tratar-se de uma sátira, como já foi dito, é claro que se tornam imprescindíveis alguns exageros, mas estes não deixam de oferecer um pertinente retrato do que de mais essencial existe nas grandes corporações.  

Com relação à montagem, esta exibe uma vez mais a inconfundível griffe Möeller/Botelho - criatividade, precisão rítmica e, no presente caso, uma elegância propositadamente escrachada. E o espetáculo exibe um atrativo suplementar: as presenças de Luiz Fernando Guimarães e Gregorio Duviver em sua primeira participação em musicais (se estou enganado, desde já me desculpo).

Na pele do obtuso e desastrado Biggley, Luiz Fernando Guimarães está engraçadíssimo, evidenciando uma vez mais seus poderosos dotes de comediante. O mesmo se aplica a Gregorio Duvivier, sendo que este aproveita, de forma brilhante, todas as oportunidades que o sonso e esperto personagem oferece. Adriana Garambone seduz a plateia e gera incontáveis gargalhadas através de ótimo trabalho corporal e sobretudo vocal - a voz que imprime à personagem é simplesmente inacreditável. Letícia Colin convence plenamente ao encarnar a ingênua e apaixonada Rosemary, cabendo ainda destacar as ótimas composições de Andre Loddi e Gottsha.

Quanto aos demais, torna-se impossível particularizar suas performances. Mas ainda assim cabe registrar que todos valorizam ao máximo suas participações, tanto na dança como no canto, o que também se aplica aos protagonistas - no caso de Luiz Fernando Guimarães e Gregorio Duvivier, ambos não são cantores ou bailarinos, mas em nada comprometem as passagens em que dançam e cantam.

Na equipe técnica, considero absolutamente impecáveis os trabalhos de todos os profissionais envolvidos nesta deliciosa empreitada teatral - Paulo Nogueira (direção musical), Alonso Barros (coreografia), Rogério Falcão (cenografia), Marcelo Pies (figurinos), Paulo Cesar Medeiros (iluminação), Marcelo Claret (desenho de som) e Beto Carramanhos (visagismo). Cumpre também ressaltar a ótima participação da orquestra, regida por Zaida Valentin.

COMO VENCER NA VIDA SEM FAZER FORÇA - Texto de Abe Burriws, Jack Weintock e Willie Gilbert. Músicas e letras de Frank Loesser. Versão brasileira de Claudio Botelho. Direção de Charles Möeller. Com Luiz Fernando Guimarães, Gregorio Duvivier e grande elenco. Teatro Oi Casa Grande. Quinta e sexta, 21h. Sábado, 17h e 21h. Domingo, 19h.





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