quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

LI

Teu riso pertence a uma árvore entreaberta por um raio,
Por um relâmpago prateado que do céu tomba
Quebrando-se na copa, partindo em duas a árvore
Com uma só espada.

Nas terras altas da folhagem, com neve apenas,
Nasce um riso como o teu, bem-amante,
É o riso do ar desatado na altura,
Costumes de araucária, bem-amada.

Cordilheira minha, chillaneja evidente,
Corta com as facas de teu riso a sombra,
A noite, a manhã, o mel do meio-dia.

E que saltem ao céu as aves da folhagem
Quando como uma luz esbanjadora
Rompe teu riso a árvore da vida.
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Poema de Pablo Neruda extraído do livro "Cem sonetos de amor", L&PM POCKET

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