quarta-feira, 10 de março de 2010

Teatro/CRÍTICA



"Por uma noite..."





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Simpática empreitada na Gávea






Lionel Fischer





Exibido com sucesso no ano passado em horário alternativo, o musical "Por uma noite - Um sonho nos bastidores da Broadway" está agora em cartaz no horário nobre do Teatro das Artes, com direito a matiné às quintas, às 17h. Adaptação para o teatro do livro homônimo de Luiz Fernando Filgueiras, a peça gira em torno de um grupo de jovens músicos que, atuando na orquestra do musical "Fantasma da ópera", em Nova York, em 2005, decide ir à luta para produzir um musical, em princípio destinado a uma única exibição. No entanto...



Eis, em resumo, o enredo do presente espetáculo, que chega à cena com adaptação de Victoria Dannemann, direção de Ligia Ferreira e elenco formado por Jules Vandystadt (John), Jéssica Dannemann (Jennifer), Leandro Camacho (Leonard), Thati Lopes (Olga), Roberta Spindel (Julie), Rosana Chayn (Elisabeth) e Sérgio Dalcin (Philip), que dividem a cena com os bailarinos Amanda Miranda, Laís Hartmann, Juliana Nascimento, Mônica Loppi, Leandro Marbali, Cauan Vieira, Caio Vieira e Bruno Galtier.

Como não li o original, não tenho condições de avaliar a adaptação. Seja como for, o texto apresentado carece de maior interesse e é por demais prolixo - caso tivesse sido bastante enxugado, a montagem se tornaria bem mais atraente, posto que o prioritário, num musical, são as canções e as coreografias. Seja como for, o presente espetáculo não deixa de exibir muitos méritos. A começar pelas ótimas canções escolhidas, extraídas de musicais consagrados como "O mágico de Oz", "Rent", A chorus line", "Fantasma da ópera", "Mamma mia", "Dreamgirls", "Chicago", "Hairspray", "Jersey boys", "Grease", "Hair" e "A pequena sereia".

Com relação ao espetáculo, a diretora Ligia Ferreira impõe à cena uma dinâmica correta, valendo-se de marcações que atendem às premissas básicas da narrativa. E a mesma correção extrai do trabalho dos atores, cujas oportunidades são realmente muito pequenas em função da fragilidade do material dramatúrgico. Entretanto, nas partes cantadas, todo o elenco se sai muito bem, assim como nos números de dança, ainda que não sejam bailarinos - os que realmente o são exibem boa técnica e contagiante energia. Cabe ainda registrar a alegria e o prazer de estar em cena de todos os jovens profissionais envolvidos nesta simpática empreitada, com a qual o público se envolve desde o primeiro momento.

Na ficha técnica, destacamos a eficiência dos trabalhos de todos os integrantes desta numerosa equipe - Renato Tribuzy (direção musical), José Dias (cenografia), Marcelo Marques (figurinos), Ursula Mandina (coreografias), Rogério Wiltgen (iluminação), Maíra Lautert (preparação vocal) e Jules Vansdystadt (arranjos vocais).

POR UMA NOITE - UM SONHO NOS BASTIDORES DA BROADWAY - Texto de Luiz Fernando Filgueiras. Direção de Ligia Ferreira. Com Jules Vandystadt, Jéssica Dannemann e outros. Teatro das Artes. Quinta às 17h. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h.

2 comentários:

  1. Caro Lionel,

    Contar uma história, ou fazer um Hit Parade?

    Acredito que a proposta do musical “Por Uma Noite, um sonho nos bastidores da Broadway”, bem impressa nos folhetos e cartazes, antes de qualquer outra coisa, tenha sido a de contar a história de um livro, que encontrei disponível à saída do Teatro das Artes no último domingo, “consumido” em duas horas, tal como o tempo da peça, sob a percepção de que a adaptação é de uma fidelidade de fazer inveja aos Franciscanos.

    Tenho assistido muitos musicais ultimamente, onde, ao contrário desse, as músicas ajudam a contar a história, mesmo a partir de algumas traduções cansativas, indubitavelmente prolixas”, nessas montagens, ainda assim, o tempo de duração e o texto, são maiores. Esse foi o caso de “A Noviça Rebelde”; “Hairspray”; “Despertar da Primavera”; “Essa é a Nossa Canção” e principalmente a “Gaiola das Loucas” que assisti no último sábado com duração de quase uma hora a mais do que “Por Uma Noite”.

    Não encontrei, entre músicas, qualquer “abuso” de palavras ou “inutilidade” de argumentos fastidiosos que pudessem caracterizar a prolixidade, ao contrário, a adaptação é concisa e precisa na medida em que revela a história – que não é um suspense – com uma trama muito bem ritmada, o que, ao meu ver (e essa foi à sensação que tive daqueles que estavam ao meu redor) não fez, nem de longe, com que o espectador se cansasse dela.

    Mesmo com a platéia incrivelmente numerosa (cadeiras extras eram utilizadas) não pude perceber qualquer “burburinho” ou movimento incômodo nas poltronas que caracterizassem uma falta de objetividade no palco, ao contrário, o público demonstrava muito interesse na narrativa, e interagia com o texto de forma ininterrupta.

    Por outro lado, a dramaturgia, no caso dessa montagem, não deve ser vinculada a uma “cultura específica”, pode implicar justamente na interação, como bem descreveu o crítico, com os demais atores e principalmente na abrangente gestualidade. A idéia de que o princípio dramatúrgico esbarra exclusivamente na expressividade do texto e daí tentar traduzir as interpretações a ele destinadas, se acanha na proporção da teoria da “força impressiva” que bem aflora desses jovens talentos com inacreditáveis versões vocais e corporais.

    Longe de ser “o maior espetáculo da terra” Por Uma Noite, montado num espaço improvisado, aparentemente sem nenhum rudimento ou profundidade suficiente para uma boa iluminação, sob a admirável manobra de elementos cenográficos, a partir de um elenco completamente desconhecido, é uma grata e surpreendente surpresa nesse (hoje) “país dos musicais”, onde a corrida pelas montagens estrangeiras, e o inevitável ”atropelamento” por parte de algumas produções brasileiras em busca da tradução de roteiros e argumentos consagrados, têm sido a tônica.

    Martha de Albuquerque Valença

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  2. Juliana nascimento uma das Bailarinas é minha Professora de Dança!!
    Amoooooooooooo!!

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